10/12/2007 - 03:19
Espaço Lylia Café homenageia Drummond em último evento do ano
"E agora, José?", perguntou o estudante Clayton Antônio Pereira, de 15 anos, à platéia que lotou, na última sexta-feira, o auditório da Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC). Ele e mais seis colegas do Colégio Estadual Zumbi dos Palmares, em Caxias, fizeram uma leitura performática do poema de Carlos Drummond de Andrade. O poeta de Itabira foi o homenageado do último encontro literário de 2007 promovido pelo Espaço Lylia Café.
O poema foi usado pelos alunos, em verdade, para provocar uma incômoda reflexão: o que fazer diante das mazelas do mundo e das barbáries cada vez mais próximas de nós?
- Com a literatura, é possível sustar a força da bestialização da violência. A literatura e a arte são sinônimos de valorização do ser humano. Mostram que é possível um outro mundo, que é possível transmitir e produzir conhecimento – disse em seu discurso o subsecretário de Planejamento da Educação, o escritor e educador Godofredo de Oliveira Neto, como que respondendo à pergunta.
Ele estava acompanhado, na cerimônia que abriu o evento, pelo secretário de Educação, Nelson Maculan, e pela subsecretária de Gestão da Educação, Lúcia Venina. Maculan, que foi orientador de um dos netos de Drummond, endossou as palavras de Godofredo, ao ressaltar o papel preponderante que a Educação deve desempenhar na elaboração de políticas públicas.
- A Educação tem de ser um programa de Estado, não um programa de governo. O Brasil, com toda sua pujança econômica, tem de ter pujança na Educação também.
Alunos da rede estadual, professores e educadores assistiram, em seguida, a duas palestras sobre Drummond. Paulo César Silva de Oliveira, doutor em Poética, não hesitou em compará-lo a Charles Chaplin, pela sensibilidade às coisas simples da vida.
- Drummond foi um poeta preocupado com o homem comum, com as coisas miúdas da vida. Tinha o mundo como palco de suas preocupações políticas.
Douglas Rodrigues da Conceição, doutor em Ciências da Religião, destacou as semelhanças entre Drummond e a poetisa Adélia Prado:
- Há alguns pontos em comum: Deus, a pergunta pelo lugar do ser humano no mundo e religião.
O coordenador do programa de Educação de Jovens e Adultos da SEEDUC, Hilton Miguel, subiu ao palco e fez uma leitura performática de um poema que escrevera no qual se imaginava conversando com Drummond no calçadão da Praia de Copacabana, onde está fincada sua estátua.
- Como conversar com ele, se ele está morto, vocês perguntarão. Morto nada. Mortos estão vocês! Drummond continua vivo, influenciando vários poetas - provocou.
Foi calorosamente aplaudido. Heitor Carlos, professor aposentado de Matemática da rede estadual, leu uma crônica, de sua autoria, em homenagem ao poeta. Em todos os encontros literários ele marca presença.
- Sou praticamente intimado a comparecer. Aqui, libero meu lado artístico - revela Heitor, que trabalha como engenheiro do prédio da SEEDUC.
Ao fim, o coral formado por funcionários da SEEDUC apresentou-se com clássicos da música popular brasileira, e estudantes de diversos colégios estaduais declamaram poesias de Drummond.
O Espaço Lylia Café foi inaugurado em junho de 2006. Funciona no 29º andar da Secretaria Estadual de Educação. É uma sala que abriga um acervo de livros didáticos, romances, dicionários e revistas, e está aberta a qualquer pessoa. Empresta-lhe o nome a professora Lylia Café, que morrera meses antes, depois de mais de quarenta anos dedicados ao magistério. Além da sala de leitura, o espaço organiza saraus e encontros literários. Antes de Drummond, foram homenageados Monteiro Lobato, Cora Coralina, Clarice Lispector e Vinícius de Moraes.
- Outro dia eu entrei na sala e estavam lá porteiros, ascensoristas e vários funcionários usufruindo do Espaço. Vi que o lugar, de fato, estava funcionando. É para isso que ele foi criado – contentou-se Lúcia Venina.
A professora Sônia Fazenda, responsável pelo Espaço Lylia Café, informou que, em 2008, lançará o projeto "Via Texto: diálogos e trocas", que promoverá encontros entre alunos e professores para discutir literatura. Os encontros literários vão continuar, mas os homenageados ainda não foram definidos.
- O objetivo é estimular as escolas a transformar a leitura em algo prazeroso. Outro ponto importante é que conseguimos aproximar as escolas da Secretaria de Educação. Com isso, os alunos podem ter contato com as autoridades responsáveis pela Educação no Rio de Janeiro.
© 2004 - 2007 Secretaria de Estado de Educação
Espaço Lylia Café homenageia Drummond em último evento do ano
"E agora, José?", perguntou o estudante Clayton Antônio Pereira, de 15 anos, à platéia que lotou, na última sexta-feira, o auditório da Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC). Ele e mais seis colegas do Colégio Estadual Zumbi dos Palmares, em Caxias, fizeram uma leitura performática do poema de Carlos Drummond de Andrade. O poeta de Itabira foi o homenageado do último encontro literário de 2007 promovido pelo Espaço Lylia Café.
O poema foi usado pelos alunos, em verdade, para provocar uma incômoda reflexão: o que fazer diante das mazelas do mundo e das barbáries cada vez mais próximas de nós?
- Com a literatura, é possível sustar a força da bestialização da violência. A literatura e a arte são sinônimos de valorização do ser humano. Mostram que é possível um outro mundo, que é possível transmitir e produzir conhecimento – disse em seu discurso o subsecretário de Planejamento da Educação, o escritor e educador Godofredo de Oliveira Neto, como que respondendo à pergunta.
Ele estava acompanhado, na cerimônia que abriu o evento, pelo secretário de Educação, Nelson Maculan, e pela subsecretária de Gestão da Educação, Lúcia Venina. Maculan, que foi orientador de um dos netos de Drummond, endossou as palavras de Godofredo, ao ressaltar o papel preponderante que a Educação deve desempenhar na elaboração de políticas públicas.
- A Educação tem de ser um programa de Estado, não um programa de governo. O Brasil, com toda sua pujança econômica, tem de ter pujança na Educação também.
Alunos da rede estadual, professores e educadores assistiram, em seguida, a duas palestras sobre Drummond. Paulo César Silva de Oliveira, doutor em Poética, não hesitou em compará-lo a Charles Chaplin, pela sensibilidade às coisas simples da vida.
- Drummond foi um poeta preocupado com o homem comum, com as coisas miúdas da vida. Tinha o mundo como palco de suas preocupações políticas.
Douglas Rodrigues da Conceição, doutor em Ciências da Religião, destacou as semelhanças entre Drummond e a poetisa Adélia Prado:
- Há alguns pontos em comum: Deus, a pergunta pelo lugar do ser humano no mundo e religião.
O coordenador do programa de Educação de Jovens e Adultos da SEEDUC, Hilton Miguel, subiu ao palco e fez uma leitura performática de um poema que escrevera no qual se imaginava conversando com Drummond no calçadão da Praia de Copacabana, onde está fincada sua estátua.
- Como conversar com ele, se ele está morto, vocês perguntarão. Morto nada. Mortos estão vocês! Drummond continua vivo, influenciando vários poetas - provocou.
Foi calorosamente aplaudido. Heitor Carlos, professor aposentado de Matemática da rede estadual, leu uma crônica, de sua autoria, em homenagem ao poeta. Em todos os encontros literários ele marca presença.
- Sou praticamente intimado a comparecer. Aqui, libero meu lado artístico - revela Heitor, que trabalha como engenheiro do prédio da SEEDUC.
Ao fim, o coral formado por funcionários da SEEDUC apresentou-se com clássicos da música popular brasileira, e estudantes de diversos colégios estaduais declamaram poesias de Drummond.
O Espaço Lylia Café foi inaugurado em junho de 2006. Funciona no 29º andar da Secretaria Estadual de Educação. É uma sala que abriga um acervo de livros didáticos, romances, dicionários e revistas, e está aberta a qualquer pessoa. Empresta-lhe o nome a professora Lylia Café, que morrera meses antes, depois de mais de quarenta anos dedicados ao magistério. Além da sala de leitura, o espaço organiza saraus e encontros literários. Antes de Drummond, foram homenageados Monteiro Lobato, Cora Coralina, Clarice Lispector e Vinícius de Moraes.
- Outro dia eu entrei na sala e estavam lá porteiros, ascensoristas e vários funcionários usufruindo do Espaço. Vi que o lugar, de fato, estava funcionando. É para isso que ele foi criado – contentou-se Lúcia Venina.
A professora Sônia Fazenda, responsável pelo Espaço Lylia Café, informou que, em 2008, lançará o projeto "Via Texto: diálogos e trocas", que promoverá encontros entre alunos e professores para discutir literatura. Os encontros literários vão continuar, mas os homenageados ainda não foram definidos.
- O objetivo é estimular as escolas a transformar a leitura em algo prazeroso. Outro ponto importante é que conseguimos aproximar as escolas da Secretaria de Educação. Com isso, os alunos podem ter contato com as autoridades responsáveis pela Educação no Rio de Janeiro.
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